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29.jul.2019 - Presos aparecem sobre telhado em meio a fumaça durante rebelião nesta manhã |
Do Uol
Uma rebelião na manhã de hoje deixou 52 presos mortos, 16
deles decapitados, no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, de
acordo com informações da Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do
estado). Dois agentes prisionais chegaram a ser mantidos reféns, mas foram
liberados no final da manhã, depois de negociação envolvendo policiais civis e
miliares e promotores de Justiça.
O secretário extraordinário para assuntos penitenciários,
Jarbas Vasconcelos, afirmou que o presídio foi palco de "uma guerra entre
facções criminosas". "Tratou-se de uma guerra de facções. Em
Altamira, há uma facção local chamada Comando Classe A (CCA) e que divide o
presidio com integrantes do Comando Vermelho, e que foram esses vítimas desse ato
praticado pelos integrantes da organização criminosa CCA", disse o
secretário em entrevista na tarde de hoje.
O CCA tornou-se recentemente aliado ao PCC (Primeiro Comando
da Capital), que disputa com o Comando Vermelho a liderança dos presídios no
Brasil. Segundo a Susipe, a confusão começou por volta das 7h, durante a
entrega do café da manhã.
Perguntado se uma possível falha no sistema teria levado à
rebelião, Vasconcelos disse que não tinham nenhum relatório da inteligência
reportando um possível ataque e dessa magnitude. O secretário também disse que
o presídio estava com 311 presos, 11 a mais do que a capacidade prevista para o
local.
No momento, os policiais fazem vistoria no presídio para
revista e recontagem de presos e apreensão de objetos que podem ter servido como
armas nas decapitações.
Os policiais também verificam os danos provocados no prédio
e celas, já que os detentos, segundo a Susipe, teriam ateado fogo em objetos
como colchões - a inalação de fumaça pode ter provocado a morte de parte dos
detentos.
Vídeos divulgados por fontes policiais do UOL, e que teriam
sido feitos pelos detentos antes do fim da rebelião, mostram cabeças sendo
jogadas no chão em uma das alas do presídio. Em um momento, um homem,
aparentemente um dos presos, chuta uma cabeça como se fosse bola de futebol. Em
outro vídeo, presos aparecem sobre um telhado, onde há corpos estirados e
fumaça.
No ano passado, sete presos foram mortos e três ficaram
feridos na mesma unidade prisional em motim ocorrido durante a madrugada após
uma tentativa de fuga frustrada.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
informou que está acompanhando a situação, que conversou com o governo do
estado e que terá uma reunião na tarde de hoje para debater as providências a
serem tomadas.
Outras rebeliões
As rebeliões com mortes por causa de brigas entre facções
criminosas rivais têm ocorrido com certa frequência no país. Dois meses atrás,
em 26 de maio, 15 detentos foram mortos em Manaus, no Complexo Penitenciário
Anísio Jobim (Compaj), a mesma unidade onde em 2017 aconteceu um massacre com
56 mortos. No dia seguinte, o governo do Amazonas afirmou ter localizado mais
40 corpos de detentos com sinais de asfixia em quatro presídios da cidade,
totalizando 55 mortes.
Nos últimos anos, episódios parecidos aconteceram em Roraima
e, no início deste ano, o Ceará viveu uma onda de violência ordenada por
criminosos presos em penitenciárias do Estado, o que levou ao envio da Força
Nacional de Segurança Pública ao Estado.
Também neste ano, em fevereiro, Marcos Williams Camacho, o
Marcola, apontado como principal líder do PCC foi transferido de uma
penitenciária no interior paulista para um presídio federal. Ele foi para Porto
Velho e posteriormente foi levado para Brasília.
Na ocasião, outros 21 detentos apontados como lideranças do
PCC também foram transferidos para presídios federais.
* Com informações de Carlos Madeiro, colaboração para o UOL,
em Maceió
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